Tenho vivido de passado.
Até que ponto isso me incomoda? Pouco; afinal aquele medo de não ter vivido e de não poder contar as lembranças aos netos (porque elas não existem) se esvai aos poucos.
A nostalgia ajuda construir um futuro de quereres próprios, cheio de fantasias alheias, mas com certas nuances nunca antes experimentadas, provocando a sensação de base sólida.
A gente pára no tempo mas, como já advertia Cazuza, ele não pára ao redor. As pessoas vêm e vão, trazem muito de si, levam um tanto de você mesmo e algumas ficam.
Ficam paradas naquela época que só as paixões são capazes de enxergar, cenas que precisam das lentes de contato criadas por sorrisos ou corações partidos, por lágrimas ou gargalhadas, por um abraço fraterno ou uma traição, enfim, por um amor ou uma amizade verdadeira.
Aqui estão muitos que certamente voltarão, desde que os dias passados estejam guardados na caixinha de memórias orgânicas de cada um de nós.
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