sábado, 1 de dezembro de 2012

Das cartas que vou mandar.


Comprei essa garrafa enquanto ainda tentávamos.

Ela ficou ali no canto da minha sala, no que deveria ser um bar (que nunca se concretiza porque bebo tudo que compro), em adorno deslocado (como diria Clarice e não consigo pensar em expressão melhor pra definir).

Decidi que ela deveria ir até o dono original, um pouco pra tirar a presença (que hoje traz mais aconchego do que tristeza, sim, porque, passadas as loucuras da paixão bandida, a gente fica com o que foi bom), um pouco pra pedir perdão pela aspereza da última mensagem que te mandei e, ainda, um pouco pra colocar um ponto final nas minhas nostalgias de você.  Seriam saudades se eu acreditasse que, de alguma forma, o espaço que reservei seria preenchido.

Ainda te quero muito, mas não quero mais machucar ninguém, inclusive a mim mesmo. Não merecemos. Não saberia ser seu amigo. Não saberia esperar por você, não agora.

Enfim, receba o presente, foi comprado e guardado com muito carinho e com o meu melhor estou entregando.

Obrigado por tudo que me ensinou, desculpe pelos danos.

Fique em paz, que a vida te reserve todo o amor que você certamente merece.

Um afago como aquele que um dia te dei ouvindo “Just like heaven”.

Um grande beijo.

[+] The Cure - Just like heaven

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