Os grandes medos da falta tem me definido ultimamente. Poucos amigos sobraram, os amores declarados em tempos de suposta normalidade se tornaram frágeis e creio que se quebraram há tempos.
Talvez seja a hora de recomeços, de reconfigurações de alma. Os prazeres e desejos que nos uniam ficaram num ponto de história da qual eu não faço mais parte e, no fim, tudo bem. As recargas de amor, admiração e aceitação que vinham dos afetos depositados na confiança da rede de segurança se perderam, talvez tenhamos atingido nossos limites.
Eu falhei e falho nesse caminho, mas não posso deixar de enxergar o abandono que se fez presente. Não posso deixar de ver que a disponibilidade de colo escolhido já não existe. Por mais que não queira aceitar, as trocas minguaram, os segredos se perderam e as vontades se esvaíram.
Encastelado entre os hipsters e os velhos que reproduzem as minhas próprias chatices (talvez por isso me incomodem tanto), me vejo cansado de pedir socorro agarrado à minha boia para sobreviver aos fantasmas que não se espantam sem companhia.
domingo, 28 de junho de 2020
quinta-feira, 25 de junho de 2020
Do desejo.
Sim, da radicalidade, do que vem de dentro, é meu.
Sempre é difícil lidar com os conflitos internos, as eternas faltas do eu, se deparar com elas na constância com que elas se apresentam. Assustador não deixar a sensibilidade passar do limite da superfície, a profundeza que ela habita não se revolve sem trabalho.
Chegar a questionar as faltas me levou a entender que não as conheço claramente e que impedir meu próprio acesso ao inferno me impede também de movê-lo.
Hoje volto aqui com a certeza de que sei menos ainda, mas começo a reconhecer que preciso escolher um caminho. Paro eu ou para a vida, é isso.
Eu não quero que a vida pare, eu faço minha parte para a vida andar, só existe uma parte de mim que não conhece a trilha e ouve gotas pingando na pia da cozinha. E se incomoda. E tenta descobrir de onde veio, até pensar que pode ter vindo de dentro da cabeça. Aí, mexe nas louças sujas e acha que resolveu o problema. Dá dois passos e ouve a gota de novo. Confirma, coisa da cabeça.
Volta aqui, senta mais uma vez pra deixar o pensamento escorrer enquanto os pés incomodam porque lhes falta circulação. O nariz pede descanso e rinoplastia. A pele só não chora porque lhe falta água. O cabelo rareia e se espalha cada vez mais pela casa. Manchas, vincos, dores, tudo que esse corpo vem ganhando são esquisitices quase estrangeiras pra quem quase nunca parou pra se olhar e conseguiu se enxergar pelo que é (generosidades e crueldades incluídas).
Chega uma mensagem amiga. O app apita pro sexo fácil sem troca. Escolho mais uma linha, um cigarro, um incenso, meio beck, gotas de rivo, banho e cama.
Sempre é difícil lidar com os conflitos internos, as eternas faltas do eu, se deparar com elas na constância com que elas se apresentam. Assustador não deixar a sensibilidade passar do limite da superfície, a profundeza que ela habita não se revolve sem trabalho.
Chegar a questionar as faltas me levou a entender que não as conheço claramente e que impedir meu próprio acesso ao inferno me impede também de movê-lo.
Hoje volto aqui com a certeza de que sei menos ainda, mas começo a reconhecer que preciso escolher um caminho. Paro eu ou para a vida, é isso.
Eu não quero que a vida pare, eu faço minha parte para a vida andar, só existe uma parte de mim que não conhece a trilha e ouve gotas pingando na pia da cozinha. E se incomoda. E tenta descobrir de onde veio, até pensar que pode ter vindo de dentro da cabeça. Aí, mexe nas louças sujas e acha que resolveu o problema. Dá dois passos e ouve a gota de novo. Confirma, coisa da cabeça.
Volta aqui, senta mais uma vez pra deixar o pensamento escorrer enquanto os pés incomodam porque lhes falta circulação. O nariz pede descanso e rinoplastia. A pele só não chora porque lhe falta água. O cabelo rareia e se espalha cada vez mais pela casa. Manchas, vincos, dores, tudo que esse corpo vem ganhando são esquisitices quase estrangeiras pra quem quase nunca parou pra se olhar e conseguiu se enxergar pelo que é (generosidades e crueldades incluídas).
Chega uma mensagem amiga. O app apita pro sexo fácil sem troca. Escolho mais uma linha, um cigarro, um incenso, meio beck, gotas de rivo, banho e cama.
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