Ah, você quer porquês, quer mais razões que não precisam ser ditas, só no seu mundo de fantasia esquizofrênica elas não seriam óbvias, mas vamos de disfunção que é o que estamos acostumados a viver.
Pra deixar algo bem claro: esta não é uma tentativa de reatar laços, de perdões maiores do que já houve, de buscar um amor que não encontrei em 30 anos. Combinados? Combinados. Desta vez, você não tem voz até que eu termine de dizer tudo e, o que disser depois, não me importa, ao menos não imediatamente.
Vamos por partes:
- Dos abusos:
Além daqueles que que você não será capaz de reconhecer (os afetivos, psicólogicos e emocionais), houve também aqueles, tão ou mais inaceitáveis. Reconheça seus acessos de pedofilia, reconheça sua bissexualidade tão reprimida debaixo de algo, reconheça sua agressividade. Carrego tudo isso até hoje (e meu irmão também). Você se esconde tanto de você, que se tornou esse ser agressivo que precisa defender a ferro e fogo sua fábula construída de mil mentiras, o que você não nota é que todos nós já sabemos. Todos. Todos já te vimos em maior ou menor grau. Você nunca sequer tentou fazer o mesmo.
Tenho grandes hiatos de memória dos cinco aos onze anos, em trabalho de análise, entendo o que aconteceu e o quanto nossa mente é fantástica em esconder pra fazer com que a gente consiga sobreviver. Acontece que você não foi a vítima dessa situação, você não tem direito a essa proteção.
- Das mentiras, das traições e do passado que você sente vergonha:
Aqui o terreno é tão fértil que dá pra fazermos subseções, mas vou tentar simplificar (esse processo já está me custando mais do que eu gostaria).
Começo pelas amantes (e possíveis amantes homens/garotos de programa que você teve por aí). Bom, o que sei com fatos, dados, evidências e valores é sobre a Sra. S. S. e a Sra. T. B. Há uma outra suspeita, mas duas já são suficientes. Estou com isso engasgado há mais de dez anos, que bom que posso demonstrar que você não é esse ser de reputação e moral ilibada que você gostaria de ser. Nunca disse nada porque isso não me diz respeito e não queria trazer ainda mais sofrimento para aqueles que sustentam o peso que é viver com você, portanto, me calei e trabalhei pra dentro. Agora você sabe que eu sei. (Por sinal “minha buceta tá igual clara de ovo” é demais até pra você, podia ter arranjado coisa melhor - e olha que eu não sou nada moralista).
A outra ponta aqui é o D. Seja minimamente digno, reconheça seu filho e resolva suas pendências para não deixar mais uma confusão para trás para que minha mãe dê jeito (diga-se de passagem, com um patrimônio que foi constituído em sua maior parte por causa dela). Eu não preciso receber nada do seu fundo de pensão, por favor, destine o que for direcionado a mim para o D., nada mais justo.
Não nos encontramos nessa vida à toa. Você abandonou um filho e recebeu mais dois pra tentar corrigir seu erro, infelizmente, você não foi pai pra nenhum de nós. Aqui se faz, aqui se paga. Não tenha dúvidas. Se não fosse nada além disso: você poderia pelo menos ter sido o adulto nessas relações quando esse era seu papel, mas você exigiu que nós três lidássemos com suas faltas e falhas, de cabeça baixa, com medo, sem desafiar, sem questionar, sem sequer conversar (e assim continua até hoje). De alguma forma, é bom que não tenha havido diálogo, ficou mais fácil entender que indiferença é a meta, uma vez que a raiva e o nojo passem.
Em tempo, seus porquês estão aí, mas o principal é que você saiba que, quando vivo pra tentar te agradar, eu reproduzo o seu comportamento de abusador ou o meu de abusado. Isso faz com que o monstro que você cultivou em mim apareça e com que eu seja uma pessoa pior,
Eu não sou esse monstro, não poderia estar mais certo disso! E vou fazer tudo que puder para estar longe de você (ainda que me custe). Tudo na vida são escolhas e eu infelizmente estou tendo que optar mais uma vez entre minha família e minha saúde mental e sobrevivência.
Você sequer merecia estas pontuações, portanto, espero que pare por cinco minutos, olhe pra dentro e busque entender o quanto tudo isso está embasado. Vá se tratar. Você precisa de psicólogo e psiquiatra, não seja um fardo ainda maior.