segunda-feira, 2 de julho de 2007

A morada.

Uma caixa, um cubículo, uma jaula com portas, janelas e passes livres de entrada e saída. Tudo é possível, tudo é perfeitamente plausível e real. Seu sonho realizado, sua agonia constante... A liberdade é tão sólida que se faz sentir pelo toque e, sim, é áspera, arranca a epiderme sensível de quem nunca se deixou encostar, de quem sempre fingiu ter tudo que queria e sempre foi inseguro demais para exibir sua ambição tola. Tolice, que o traz ao chão quando se vê voando entre as nuvens macias. Inexperiência, que o ilude com tudo o que é maior ou aparentemente inofensivo. Rebeldia, que o leva adiante. Medo, que freia abruptamente todas as vontades imediatas. Solidão, que revela o estado natural, a essência, toda vulnerabilidade que pode-se ter.
Felizmente nesses casos, a chaga nunca é tão funda que não possa ser curada, logo a casa está cheia e a carceragem própria se encerra em sua melancolia tão infundada quanto um cigarro que se queima em vão.

[+] Al Green - Ain't no sunshine when she's gone

Nenhum comentário: