quinta-feira, 25 de junho de 2020

Do desejo.

Sim, da radicalidade, do que vem de dentro, é meu.

Sempre é difícil lidar com os conflitos internos, as eternas faltas do eu, se deparar com elas na constância com que elas se apresentam. Assustador não deixar a sensibilidade passar do limite da superfície, a profundeza que ela habita não se revolve sem trabalho.

Chegar a questionar as faltas me levou a entender que não as conheço claramente e que impedir meu próprio acesso ao inferno me impede também de movê-lo.

Hoje volto aqui com a certeza de que sei menos ainda, mas começo a reconhecer que preciso escolher um caminho. Paro eu ou para a vida, é isso.

Eu não quero que a vida pare, eu faço minha parte para a vida andar, só existe uma parte de mim que não conhece a trilha e ouve gotas pingando na pia da cozinha. E se incomoda. E tenta descobrir de onde veio, até pensar que pode ter vindo de dentro da cabeça. Aí, mexe nas louças sujas e acha que resolveu o problema. Dá dois passos e ouve a gota de novo. Confirma, coisa da cabeça.

Volta aqui, senta mais uma vez pra deixar o pensamento escorrer enquanto os pés incomodam porque lhes falta circulação. O nariz pede descanso e rinoplastia. A pele só não chora porque lhe falta água. O cabelo rareia e se espalha cada vez mais pela casa. Manchas, vincos, dores, tudo que esse corpo vem ganhando são esquisitices quase estrangeiras pra quem quase nunca parou pra se olhar e conseguiu se enxergar pelo que é (generosidades e crueldades incluídas).

Chega uma mensagem amiga. O app apita pro sexo fácil sem troca. Escolho mais uma linha, um cigarro, um incenso, meio beck, gotas de rivo, banho e cama.




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